sábado, 1 de junho de 2013

Faroeste Caboclo - O Filme



                                  Se você é fã de carteirinha de Legião Urbana e espera assistir a um filme 100% fiel à letra da música, esqueça... Mas se você quer assistir a um filme que, mesmo fugindo ao original traz uma história coesa e uma produção bem feita, este é o filme!

                        Confesso que decepcionei-me um pouco, acreditando que iria assistir um filme que retratasse na íntegra o teor da música de igual nome. No entanto, muitas coisas foram modificadas, alteradas ou até mesmo ignoradas na produção cineasta. Porém, as temáticas abordadas: o racismo, o preconceito, diferenças sociais, drogas, influências políticas; trazem à tona problemas que não só na época retratada, mas hoje, também fazem parte da nossa sociedade capitalista, preconceituosa e extremamente excludente. 
                      
                          O que se passa em "Faroeste Caboclo" não é apenas uma história a mais para se ver e esquecer, mas um filme que nos leva à reflexão: quanto vale a vida de um ser humano? Valemos o que temos, quem somos, ou que posição ocupamos na sociedade?

                                 Vivemos em um mundo sem lei, onde quem dita o que se pode ou não ser feito são aqueles que detêm o poder ou o conhecimento alienado. Sim, conhecimento alienado,  pois muitas vezes, por não saber lidar com a inteligência que se tem, o conhecimento faz o ser emburrecer e se tornar escravo de si mesmo.
        
                             Estamos em um duelo diário: nossos desejos contra nossas reais possibilidades, nossos sonhos contra nossa crua verdade. É hora de matarmos aqueles que nos matam a cada dia: o ódio, a violência, o estupro intelectual, a escravidão mental de um povo que já não pensa mais por si mesmo, mas segue os parâmetros estipulados pelo outro, o que se diz senhor, detentor de conhecimento, de poder e de prestígio.



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

My name is Khan

                                                     



                                                   Nunca imaginei que eu pudesse conseguir 100% de atenção em duas aulas faixa, em uma de minhas turmas. Foi a glória! Mas não estou aqui para falar sobre a aula e sim da maravilha que é esse filme.
                                                     Atual, conscientizador, inteligente, persuasivo, convincente e simplesmente poderoso. My name is Khan conta a história de um muçulmano, com síndrome de Asperger, residente nos Estados Unidos e que, por uma infelicidade, sofria grande preconceito, não por ter a síndrome, mas por ser muçulmano. Isso nos faz pensar até que ponto o ser humano é mesquinho, vingativo e tenebroso.
                                            Khan deixa uma lição enorme: primeiro: limitação não é sinônimo de incapacidade ou debilidade; segundo: não se pode generalizar nada nem ninguém, afinal, somos seres únicos; terceiro: jamais subestime alguém.
                                                       Amor, esperança, superação, surpresa, aprendizado, realidade, perfeição e dedicação são algumas lições que o filme nos traz.
                                                       Segundo Paulo Teixeira, em seu trabalho acadêmico"Síndrome de Asperger", " A incessante procura de conhecer o ser humano, leva a uma procura por parte dos cientistas a 
necessidade de descobrir o processo psicológico do próprio Homem.  
                                                           A Síndrome de Asperger é uma desordem pouco comum, contudo importante na prevenção do processo psicológico de crianças, que tardiamente é diagnosticado  devido à falta de conhecimento por parte dos profissionais, nomeadamente dos professores e educadores. Esta síndrome é uma categoria bastante recente na divulgação científica e encontra-se em uso geral nos últimos 15 anos.  
                                                                Por várias vezes esta síndrome foi confundida com uma Perturbação Obsessivo – Compulsiva, Depressão, Esquizofrenia, etc. Porém, não apresentam qualquer atraso significativo de desenvolvimento de fala ou cognitivo, podendo até mesmo passar a vida toda sendo apenas consideradas pessoas “estranhas” para os padrões típicos de comportamento. Embora essas pessoas não tenham um atraso significativo no desenvolvimento cognitivo, é importante que a criança receba educação especializada o mais cedo possível para auxiliar o indivíduo a contornar os problemas de comportamento que apresenta e também para ajudar a direcionar os campos de interesse e de estudo da criança. [...] 
                                                    Apesar de existirem algumas semelhanças com o Autismo, as pessoas com Síndrome de Asperger geralmente têm elevadas habilidades cognitivas (pelo menos Q.I. normal, às vezes indo até às faixas mais altas) e por funções de linguagem normais, se comparadas a outras desordenas ao longo do espectro. 
                                                     Apesar de poderem ter um extremo comando da linguagem e vocabulário elaborado, estão incapacitadas de o usar em contexto social e geralmente têm um tom monocórdico, com alguma nuance e inflexão na voz. Crianças com Síndrome de Asperger, podem ou não procurar uma interação social, mas têm sempre dificuldades em interpretar e aprender as capacidades da interação social e emocional com os outros."
                                                     Com o olhar de Paulo Teixeira, podemos perceber que a Síndrome não é algo que passe por despercebido , mas também não faz com que estas pessoas que a possuem sejam incapacitadas de aprender ou se quer convier socialmente. Tudo depende de como se trabalha a criança, como se estimula seu desenvolvimento. E o filme "Meu Nome é Khan" deixa isso bem claro. 
Há quem diga que Newton, Einstein, Sócrates, Darwin, Mozart, Michelangelo, e até o consagrado cineasta Tim Burton tinham (ou no caso do Tim Burton, tem) fortes traços da síndrome. Isso nos leva a crer que ninguém é incapaz. Há, sim, uma negligência na estimulação das crianças, ou seja, em muitos casos, os pais acreditam não ter solução. É necessário estudar mais sobre o assunto e despir-nos do preconceito, do descaso e da falta de amor ao próximo.
                                                         Um outro exemplo de filme que trata o assunto da síndrome de Asperger, de forma mais sutil e comovente é o desenho Mary and Max,que ainda pretendo ver e postar aqui, com carinho, sobre esta obra magnífica.
                                                         
                                                         

sábado, 10 de setembro de 2011

A Menina que Roubava Livros


                              Você gosta de ler? É apaixonado em História? Se sua resposta é negativa, então nem perca seu tempo lendo este post. Mas se você é um leitor nato, siga na viagem maravilhosa deste livro. Descobertas, paixões platônicas, desejo pelo saber, fuga, intriga, guerra, morte, tudo misturado em um só livro.
                          
                                  "A menina que roubava livros" conta uma história vivida em tempo de guerra, onde a amizade vale muito, onde a cumplicidade e o amor sincero andam juntos, convidando a aventuras diárias. O desconhecido se torna um enigma a ser desvendado, a tristeza, apenas um motivo a mais para continuar e os percalços que acontecem são vistos apenas como degraus a serem escalados, um a um.
                               
                           Markus Zusak foi feliz e bem criativo em retratar uma Alemanha nazista com sua menina  ladra de livros em fogueiras, neves, escombros e de uma sala fria, sem vida, cheia de dores e lamentos. Leisel   nos reporta aos sonhos de uma criança, cheia de esperanças e que, mesmo com as intempéries da vida não desiste de ser quem é e traz consigo o desejo de viver em um mundo melhor.
                                                      
                             

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A cansativa viagem da mesmice

                            Hoje acordei revoltada com o mundo. Revoltada até comigo mesma, porque não assim dizer.
                            Tenho lido livros que nada trazem de novo. É sempre a mesma linha de raciocínio ilógico. Sim, ilógico porque quando estamos vestidos com a pele de leitor, queremos algo mais, uma história que venha nos seduzir, trazer algo diferente que não foi contado até então.
                            Mas o que tem acontecido com os escritores? Será que tudo já foi escrito? Não há uma nova perspectiva no mundo literário?
                             Fico pensando até que ponto vale à pena perder horas a fio, lendo o que já existe... Um personagem novo aqui, um lugar diferente ali, mas sempre é a mesma lenga lenga... Uma personagem mocinha (ou mocinho) que é vítima incompreendida da sociedade em que vive, seres mirabolantes e extremamente sedutores, pelos quais a personagem principal tem um amor impossível, ou quase impossível até que algo aconteça e os supreenda (os personagens, não o leitor), um personagem mau que deseja acabar com a alegria dos mocinhos e o pior de tudo... o bem sempre vence! Não que seja mal a vitória do bem sobre o mal, porém seria um pouco menos óbvio se as coisas não fossem ou parecessem o que realmente seriam. Shakespeare é um talento nato, que surpeendeu em todas as suas obras e surpreende até hoje, porque não dizer.
                              Quando falo que a literatura não possui nada de novo me incluo nisto, pois já não sei mais até que ponto valerá à pena continuar meu projeto "The Mystics". Será que não vou cair na mesmice também? Será que minha narrativa não frustrará o leitor mais sedento e cheio de espectativas? Será que meu livro não será apenas mais um a ser lido ou comentado por alguns poucos críticos literários, que assim como faço neste momento, me faça vir de onde vim... ao pó?
                               Acredito muito em mim mesma e sei que tenho a capacidade de surpreender, mas quero mais... quero ser única, quero ser inalcançável! Impossível? Talvez... mas meus sonhos são mais altos que meus pés e com certeza esta viagem cansativa da monotonia e da frustração eu não quero fazer!

domingo, 24 de abril de 2011

Cilada - Harlan Coben


                    
                                    Cilada é um livro, no mínimo, intrigante. É a leitura que te faz pensar o que é sem saber se foi. Envolve o leitor de uma tal maneira que quanto mais se lê, mais se quer absorver as entrelinhas que o autor deixou. Harlan soube, na sua inteligência ímpar, colocar um mistério em seu livro que pudesse fugir totalmente do trivial que há em livros de romance policial.
                                   O tempo todo ele coloca pistas e dúvidas no leitor de forma que, ao chegar no meio do livro, você tem a absoluta certeza de ter desvendado todo o mistério. Você se sente, literalmente, um Sherlock Homes. Porém, quando se avança na leitura, o leitor se sente intrigado na percepção de que mais uma vez se enganara.
                                  Cilada é uma obra digna de estar entre os mais lidos e mais vendidos no mundo. Fascínio, intriga, suspense, desejo, cobiça, inveja, ciúmes, mentiras, enganos, são apenas alguns dos temperos que Harlan soube, de forma magistral, combinar em sua obra literária. 
                                 Outra particularidade de sua obra é a oscilação da narrativa, hora em primeira, hora em terceira pessoa. Seu prólogo, narrado em primeira pessoa, permite ao leitor ter a sensação que, segundo a sinopse encontrada no verso, a vítima ou o criminoso, no caso, é quem irá contar a sua história e depois, já no primeiro capítulo, a narrativa passa a ser em terceira pessoa.
                                  Talvez Harlan quisesse ter uma certa imparcialidade na história, de forma a não denunciar, através do seu personagem, o que realmente aconteceu ou estava prestes a acontecer. Nesta narrativa, Harlan faz um emaranhado de fatos e acontecimentos que, aparentemente, não possuem relações, porém vão se entremeando até que a teia esteja formada e você, o leitor, se encontre bem no meio dela. 

                                 Cilada é um livro surpreendente que desde a primeira até a última página nos faz imaginar como ocorre, na mente de um escritor, tantos fascínios, tantas ideias diferentes e maravilhosas; como conseguir os ingredientes exatos na medida certa para que o leitor não só fique intrigado, mas sinta o desejo de compartilhar com todos à sua volta a mágica viagem dessa leitura ímpar.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

domingo, 22 de agosto de 2010



Os Desafios da Indisciplina em Sala de Aula e na Escola


OS DESAFIOS DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA E NA ESCOLA
Celso dos S. Vasconcellos

ANÁLISE DA PROFESSORA ANA PAULA DE CARVALHO ALVES

De acordo com o texto, a problemática da indisciplina em sala e na escola vai muito além do que se imagina. Há uma falta de comprometimento mútuo entre família, sociedade e escola.
Há uma crise geral onde prevalece uma absoluta falta de sentido para o estudo por parte dos alunos e uma falta de explicação do porquê estudar por parte dos professores.
Existe ainda a cobrança cerrada por parte dos pais sobre a escola na “educação do filho”, e a cobrança da escola sobre os pais na “falta de aprendizagem do aluno”. São papéis inversos, cobranças descabidas, sob o olhar de quem vê o assunto de uma perspectiva sóbria e fundamentada.
Segundo Celso, um fator de grande influência em todas essas mudanças na educação é o consumismo, a influência que a mídia exerce sobre o indivíduo. A mídia mostra, a criança pede, o pai concede e assim não impõe os limites necessários, tornando assim o ser um consumista em potencial e um indivíduo que não aceita regras. O filme “Além do cidadão Kane” mostra a influência e o poder existente da mídia sobre a população. (Vale à pena ver. Está aqui no meu Blog.)
Hoje em dia os pais passam menos tempo em casa com os filhos, mais tempo trabalhando e menos pacientes com eles. Então, para compensar toda essa “falta de presença” acabam cedendo aos pedidos dos pequenos, esquecendo-se mais uma vez dos limites, das regras tão necessárias na construção do indivíduo.
Mas regras não significa tudo o tempo todo com a resposta NÃO. É saber dosar, é saber respeitar o outro e a si mesmo.
Na educação, o professor já está calejado, sem saber que medida tomar. Procuram uma “receita infalível” que não existe, e nem sempre busca, com ênfase, tomar alguma atitude própria, como experimento para mudar a situação drástica da indisciplina.
A educação vem passando por várias transformações há anos, e o pior, procuramos fazer métodos didáticos se tornarem o remédio dos problemas. Só que a metodologia por si não resolve. Ela é um instrumento, um caminho e não a solução definitiva. Vemos que nas relações pedagógicas há um grande confusão de idéias, onde o efeito de novidades passa rápido demais e deixa de fazer efeito.
O educador se sente impotente diante dos obstáculos. É como se o tempo o tivesse desgastado, explorado ao máximo a sua capacidade de pensar, lutar, reagir contra um sistema gasto pelo tempo que tenta se inovar, e acaba caindo na mesmice. O professor não é o pai, mas quase sempre se comporta como tal. O magistério se tornou uma profissão paternalista, onde o educador se sente “totalmente” responsável pelo educando, não só em sua aprendizagem, mas no seu cotidiano dentro e fora da escola. E, talvez por isso, sente-se incapacitado mediante tantos problemas sem solução.
O professor precisa ser compreendido, mas ao mesmo tempo ser chamado às suas responsabilidades. O professor não é um coitado, é um ser contraditório como qualquer outro.
O que se deve fazer é acabar com  o jogo do empurra daqui, empurra de lá e cada um assumir sua responsabilidade, de forma consciente e compromissada. O problema da (in)disciplina é tarefa de todos, apesar de nem todos se comprometerem ou se responsabilizarem pela sua parte. Não há como um esperar o outro para agir. Sempre haverá necessidade de um começar a fazer sua parte, independentemente se o outro irá fazer a parte dele.
A proposta de Celso é que deixemos de lado as formalidades. A escola não pode ser tecnicamente aplicada. Ela cuida, trata de seres, indivíduos, pessoas pensantes com seus valores em construção, assim como seu senso crítico. Não falar apenas em limites, mas em exigências que os envolve, incluindo possibilidades esquecidas, para não ficar apenas nos nãos.
O professor deve acreditar em si mesmo e saber o sentido existente em sua prática docente, do contrário, ele não conseguirá convencer o educando da necessidade do aprender. O educando deverá compreender o conhecimento como instrumento de transformação, mas antes do educador deve assimilar e interiorizar isto dentro de si mesmo. O professor não DÁ AULA, mas constrói junto, produz sentido no que ensina. O trabalho é coletivo: professor e aluno de mãos dadas, lado a lado, construindo o saber; não é individual e funil: professor fala, aluno recebe, assimila e reproduz.
No texto de Celso, ele aborda também a questão do desrespeito entre professores e alunos. O professor ao consegue se relacionar bem com os alunos. Se é amigo, o aluno o vê como o “bonzinho” e quebra o vínculo de proximidade dos dois. Se o professor é “carrasco”, não o respeitam, apenas ficam inertes por medo de alguma punição. O professor, do outro lado, não respeita o aluno pela sua conduta, condição social, deficiência na aprendizagem e por aí vai complicando cada vez mais. Sabemos que isso não é regra, mas é o que geralmente acontece. Um dos fatores que indicam a falta de respeito do professor com o aluno é a falta de tolerância para com os erros dos alunos.
A cobrança sobre o professor é grande. É necessária uma cumplicidade com ele e não só responsabilidade sobre os ombros deste. O professor não é de todo culpado, nem de todo inocente. Assim como há o discurso de que o professor deve vestir a camisa da escola, a escola também deve vestir a pele do professor. Ambos devem ser aliados e não cobrador e cobrado.
O que se deve ser feito, é uma dialética da interação pedagógica. Uma mistura, um revezamento entre superação e exclusão. A disciplina se dá na interação9 social e tensão dialética, observando a adaptação que leva a transformação.
O professor deve ter sua autoridade para se fazer valer e o aluno precisa dela para se orientar. Sabe-se que muitos alunos tem problema em receberem ordens, em se colocar diante de uma autoridade, mas este processo constitui a sua personalidade. Essa autoridade deve ser legitimada a partir do diálogo e da firmeza de proposta. Deixar o medo de entrar em conflito por exercê-la e lembrar que isso é uma prática complexa e contraditória, porém saber discernir quando ser mar aberto e quando ser porto seguro é o ponto chave para que esse caminhar seja proveitoso e tenha sucesso.
Celso nos alerta sobre a síndrome do encaminhamento, onde o professor encaminha o aluno para os especialistas por quaisquer motivos. O conflito entre professor e aluno deve ser resolvido entre si, já que a problemática está em sala, deve ser resolvida em sala, sendo que, em casos extremos, a equipe pedagógica sustentará um apoio direcionado e específico. O professor não deve banalizar o apoio pedagógico, mas ter nele um respaldo eficiente e adequado.


Ana Paula de Carvalho Alves
Professora de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira – Inglês
E. B. M. Gentil Mathias da Silva
Agosto, 2010