domingo, 22 de agosto de 2010



Os Desafios da Indisciplina em Sala de Aula e na Escola


OS DESAFIOS DA INDISCIPLINA EM SALA DE AULA E NA ESCOLA
Celso dos S. Vasconcellos

ANÁLISE DA PROFESSORA ANA PAULA DE CARVALHO ALVES

De acordo com o texto, a problemática da indisciplina em sala e na escola vai muito além do que se imagina. Há uma falta de comprometimento mútuo entre família, sociedade e escola.
Há uma crise geral onde prevalece uma absoluta falta de sentido para o estudo por parte dos alunos e uma falta de explicação do porquê estudar por parte dos professores.
Existe ainda a cobrança cerrada por parte dos pais sobre a escola na “educação do filho”, e a cobrança da escola sobre os pais na “falta de aprendizagem do aluno”. São papéis inversos, cobranças descabidas, sob o olhar de quem vê o assunto de uma perspectiva sóbria e fundamentada.
Segundo Celso, um fator de grande influência em todas essas mudanças na educação é o consumismo, a influência que a mídia exerce sobre o indivíduo. A mídia mostra, a criança pede, o pai concede e assim não impõe os limites necessários, tornando assim o ser um consumista em potencial e um indivíduo que não aceita regras. O filme “Além do cidadão Kane” mostra a influência e o poder existente da mídia sobre a população. (Vale à pena ver. Está aqui no meu Blog.)
Hoje em dia os pais passam menos tempo em casa com os filhos, mais tempo trabalhando e menos pacientes com eles. Então, para compensar toda essa “falta de presença” acabam cedendo aos pedidos dos pequenos, esquecendo-se mais uma vez dos limites, das regras tão necessárias na construção do indivíduo.
Mas regras não significa tudo o tempo todo com a resposta NÃO. É saber dosar, é saber respeitar o outro e a si mesmo.
Na educação, o professor já está calejado, sem saber que medida tomar. Procuram uma “receita infalível” que não existe, e nem sempre busca, com ênfase, tomar alguma atitude própria, como experimento para mudar a situação drástica da indisciplina.
A educação vem passando por várias transformações há anos, e o pior, procuramos fazer métodos didáticos se tornarem o remédio dos problemas. Só que a metodologia por si não resolve. Ela é um instrumento, um caminho e não a solução definitiva. Vemos que nas relações pedagógicas há um grande confusão de idéias, onde o efeito de novidades passa rápido demais e deixa de fazer efeito.
O educador se sente impotente diante dos obstáculos. É como se o tempo o tivesse desgastado, explorado ao máximo a sua capacidade de pensar, lutar, reagir contra um sistema gasto pelo tempo que tenta se inovar, e acaba caindo na mesmice. O professor não é o pai, mas quase sempre se comporta como tal. O magistério se tornou uma profissão paternalista, onde o educador se sente “totalmente” responsável pelo educando, não só em sua aprendizagem, mas no seu cotidiano dentro e fora da escola. E, talvez por isso, sente-se incapacitado mediante tantos problemas sem solução.
O professor precisa ser compreendido, mas ao mesmo tempo ser chamado às suas responsabilidades. O professor não é um coitado, é um ser contraditório como qualquer outro.
O que se deve fazer é acabar com  o jogo do empurra daqui, empurra de lá e cada um assumir sua responsabilidade, de forma consciente e compromissada. O problema da (in)disciplina é tarefa de todos, apesar de nem todos se comprometerem ou se responsabilizarem pela sua parte. Não há como um esperar o outro para agir. Sempre haverá necessidade de um começar a fazer sua parte, independentemente se o outro irá fazer a parte dele.
A proposta de Celso é que deixemos de lado as formalidades. A escola não pode ser tecnicamente aplicada. Ela cuida, trata de seres, indivíduos, pessoas pensantes com seus valores em construção, assim como seu senso crítico. Não falar apenas em limites, mas em exigências que os envolve, incluindo possibilidades esquecidas, para não ficar apenas nos nãos.
O professor deve acreditar em si mesmo e saber o sentido existente em sua prática docente, do contrário, ele não conseguirá convencer o educando da necessidade do aprender. O educando deverá compreender o conhecimento como instrumento de transformação, mas antes do educador deve assimilar e interiorizar isto dentro de si mesmo. O professor não DÁ AULA, mas constrói junto, produz sentido no que ensina. O trabalho é coletivo: professor e aluno de mãos dadas, lado a lado, construindo o saber; não é individual e funil: professor fala, aluno recebe, assimila e reproduz.
No texto de Celso, ele aborda também a questão do desrespeito entre professores e alunos. O professor ao consegue se relacionar bem com os alunos. Se é amigo, o aluno o vê como o “bonzinho” e quebra o vínculo de proximidade dos dois. Se o professor é “carrasco”, não o respeitam, apenas ficam inertes por medo de alguma punição. O professor, do outro lado, não respeita o aluno pela sua conduta, condição social, deficiência na aprendizagem e por aí vai complicando cada vez mais. Sabemos que isso não é regra, mas é o que geralmente acontece. Um dos fatores que indicam a falta de respeito do professor com o aluno é a falta de tolerância para com os erros dos alunos.
A cobrança sobre o professor é grande. É necessária uma cumplicidade com ele e não só responsabilidade sobre os ombros deste. O professor não é de todo culpado, nem de todo inocente. Assim como há o discurso de que o professor deve vestir a camisa da escola, a escola também deve vestir a pele do professor. Ambos devem ser aliados e não cobrador e cobrado.
O que se deve ser feito, é uma dialética da interação pedagógica. Uma mistura, um revezamento entre superação e exclusão. A disciplina se dá na interação9 social e tensão dialética, observando a adaptação que leva a transformação.
O professor deve ter sua autoridade para se fazer valer e o aluno precisa dela para se orientar. Sabe-se que muitos alunos tem problema em receberem ordens, em se colocar diante de uma autoridade, mas este processo constitui a sua personalidade. Essa autoridade deve ser legitimada a partir do diálogo e da firmeza de proposta. Deixar o medo de entrar em conflito por exercê-la e lembrar que isso é uma prática complexa e contraditória, porém saber discernir quando ser mar aberto e quando ser porto seguro é o ponto chave para que esse caminhar seja proveitoso e tenha sucesso.
Celso nos alerta sobre a síndrome do encaminhamento, onde o professor encaminha o aluno para os especialistas por quaisquer motivos. O conflito entre professor e aluno deve ser resolvido entre si, já que a problemática está em sala, deve ser resolvida em sala, sendo que, em casos extremos, a equipe pedagógica sustentará um apoio direcionado e específico. O professor não deve banalizar o apoio pedagógico, mas ter nele um respaldo eficiente e adequado.


Ana Paula de Carvalho Alves
Professora de Língua Portuguesa e Língua Estrangeira – Inglês
E. B. M. Gentil Mathias da Silva
Agosto, 2010