sexta-feira, 16 de julho de 2010

A CABANA






Ter um encontro com Deus Pode ser doloroso demais. Deixar marcas profundas e eternas. Marcas necessárias para curar feridas intensas: feridas na alma de quem sofre a Grande Tristeza.
Ter um encontro com Deus pode ser mágico, fantástico, inconcebível aos olhos humanos. Uma experiência única que pode acontecer todos os dias, a qualquer hora, desde que se pague o preço.
Que preço é esse? Entregar-se por inteiro, sem amarras, abrir o coração, deixar que Alguém toque a ferida aberta e a faça sangrar, de tal modo, que todo veneno contido se esvaia.
O encontro com Deus nos choca; surpreende-nos; faz-nos notar que, apesar de parecermos sozinhos, Ele nunca nos desampara. Esse encontro nos faz deleitar com o mais sincero e puro amor, antítese ao ódio, incerteza e indiferença que trazemos dentro de nós.
Momento desejado este, que se não fizer alguma diferença, acredite, não foi um encontro com Deus. Ele, na sua imensa Glória, se simplifica, se limita, se faz “Ser” e “Verbo” ao mesmo tempo.
Sentimentos de angústia, dor, abandono, solidão, culpa, arrependimento, tristeza e devassidão se contorcem, trazem à tona o pior de cada “eu” para que, assim, o melhor do “Eu Sou” venha brotar, fluir, tomar, revigorar em nós com o melhor dos sentimentos de amor, perdão, cura, alegria, paz, conforto e unidade.
Dizer: “Eu tive um encontro com Deus” não é tão fácil assim. É o desejo de ter o tudo e não ter nada. É o desejo de compreender sem ser compreendido. É questionar o que, naturalmente não tem resposta, ou as respostas são óbvias demais para se ver.
É a vontade de ter e ser, de flutuar ao vento e sentir as mãos d’Ele sobre si, de esquecer todo mal do mundo e pensar no bem, é lembrar que o mal é um bem necessário, para que muitos propósitos Ilógicos, a olhos humanos, se concretizem.
É estar protegido sob o raio do sol dos olhos de Deus, tão ofuscante que cega os olhos do homem. É a alegria de se embriagar com a paz, com a felicidade, com a caridade e o amor.
O encontro com Deus nos leva a um jardim confuso do nosso ser, onde todas as emoções se misturam, onde as cores se confundem num branco total com o verde de fundo. É ter o paladar e o olfato mais apurado que nunca, sentindo o perfume de Deus e degustando a vida de Jesus em nós mesmos.
É não criar expectativas, mas viver o presente, deixando as marcas do passado para trás e sem se preocupar com a projeção do futuro.
Encontrar-se com Deus é colecionar momentos estonteantes e as próprias lágrimas colhidas por Deus em um cristal puro, onde depois se tornarão essências para o belo jardim interior. É andar por sobre as águas, sabendo que Jesus está ao lado, e não há porque temer.
É entender que somos parte de Deus e Ele, mesmo com todo seu esplendor, tem a humildade em esperar que o convidemos a ser parte de nós. É descobrir, em cada canto, em cada instante, em cada luta, em cada plano, o seu amor e a sua paciência, esperando que a escolha seja feita.
Deus não se decepciona com o homem porque o conhece. Mas o homem se decepciona com Deus, porque acredita que Ele é obrigado a fazer as coisas como se quer que seja e não como é necessário ser.
Deus vai além das leis, além das convenções, além de conceitos e estereótipos criados pelo homem. Deus é Deus e isto basta. Nossa alma não precisa das condições humanas impostas, mas precisa da única coisa que Deus tem e é: AMOR!
Este é um momento seu, só seu, onde ninguém poderá interferir em suas ações e reações, exceto uma única pessoa: você mesmo. Este momento é perfeito e traz a lógica de uma forma impensada, como um grito abafado que acaba de nascer. É a necessidade de se sentir completo, cheio, ao lado da verdade e do conforto que só Ele pode dar.
É o tempo d’Ele misturado ao tempo do homem, é o Chronos se tornando Kairós. É o amor Eros dando espaço para o amor Ágape se alojar em seu mais inteiro, intenso e completo ser.
A visita d’Ele em nós, nos transforma visivelmente, a ponto de nos sentirmos bem com nós mesmos, deixando irradiar de nossa alma, as cores poli-cromáticas do mais nobre sentimento, da mais pura emoção.
Este é o momento em que as máscaras cairão e toda a verdade se apresentará. Daí vem a pergunta: teremos coragem de enfrentá-la de cara limpa? Ser nós mesmos é mais fácil do que sermos uma casca que, a qualquer hora pode apodrecer e cair?
Deus é assim: é o absoluto no nada, é o estonteante no belo, é o pleno no singular, é o concreto no inexistente, é a esperança no desespero, é a comunhão, é a vida, é o amor, é o “Grande Eu Sou” esperando por mim, por você, por todos aqueles que o desejam conhecer e fazer parte d’Ele, assim como Ele faz parte de cada um de nós.




Paula Carvalho
                         

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